quarta-feira, 27 de outubro de 2010

E dia 31 que não chega...

Nesse período de eleições assistimos perplexos e indignados as vis demonstrações de descaso e desrespeito para com os eleitores. O que nos leva a perceber(ou deveria) em tudo o mais que esta em jogo por trás de um cargo de presidente da república, pois o que deveria ser algo voltado para a os interesses da população torna-se uma briga por interesses próprios . Diariamente somos ludibriados por acusações carregadas de mentiras ou por discursos moralistas e hipócritas. Até os líderes religiosos entraram neste embate assumindo brigas que mascaram seu verdadeiro intento(algo que nem de cunho religioso é e sim uma disputa pelo monopólio da comunicação via TV), se aproveitando da guera de outrens para dar continuidade a sua própria. Então o que antes era uma disputa política, é agora também de jurisdição religiosa(ou comunicativa)  e jurídica.
E nós ficamos no meio desse tiroteio sentindo-nos como filhos de um casal em processo de divórcio para os quais a prioridade são os bens a partilhar, e tudo gira em torno desse objetivo, mesmo que os principais envolvidos: os filhos, sejam engolidos e confundidos por essa rixa, a ponto de não saber mais se é papai ou mamãe quem está certa.
Sou da opinião de que se você não da conta da sua casa não vá querer por ordem na casa do vizinho. Sabemos da decadência em que se encontram os maiores representantes de nossas Igrejas: padres envolvidos em escândalos sexuais e pastores em desvio da verba dos fiéis. Como se já não bastasse este teste constante à nossa fé, nos aparece agora esses  discursos demagógicos sobre a imoralidade do aborto. Afinal a quem deve ser reservado o direito de se discutir o aborto? A nós e somente nós mulheres. Sim, esse assunto é sério, mas só nos diz respeito. Afinal na maioria dos casos em que ele é efetuado, é porque o "pai" se omitiu de alguma forma. E a mulher ainda tem que dividir a decisão de ter ou não uma criança sozinha?
  Ou de ter que sustentá-la, vestí-la, abrigá-la e acompanhar sua educação e formação moral ao mesmo tempo em que trabalha exaustivamente contando com uma pensão minguada e execuções por sonegação desta mesma pensão? E depois de tudo isso ainda vem um padre qualquer e se aproveita deste mesmo tipo de criança indefesa, sem um pai presente e com uma mãe que trabalha em dois ou mais empregos. É para isto que a igreja quer o nascimento de mais crianças carentes?
E olha que ainda não mencionei as outras barbáries a que uma mulher é submetida nos dias atuais, como o abuso por pais, padrastos, tios, avós e uma leva de outros seres doentes e asquerosos que rondam as filhas de mães trabalhadoras e que nunca tem tempo para cuidar das filhas É nessas mães que penso quando digo que esta é uma discussão nossa, não em mães que praticam aborto, discursam a respeito com lágrimas para um público feminino, jovem e acadêmico e depois vão a público execrar esse mesmo ato praticado por ela.Tamanha é a descrença no brasileiro que tal pessoa nem considerou a possibilidade de ser desmascarada.
É às milhares de mulheres que passam por problemas reais, anônimas e sozinhas que dedico o poder desta discussão, porque qualquer que seja a decisão tomada será para todo o sempre. Jamais alguém que praticou um aborto se esquecerá de seu ato, porque somos emocionais. E desde que uma mãe  opte por ter o bebê, sua vida se transformará permanentemente.Qualquer uma das decisões é irrevogável.
Finalizando: nos últimos dias tive sérias decepções sobre minhas convicções políticas e religiosas, a ponto de querer deixar pra trás meus ideais. Mas então lembrei-me que nem uma Igreja ou partido é feito por seus líderes, mas sim por toda uma história, que embora tenha algumas máculas tem também muitas glórias.

Obrigada presidente Lula por ter feito parte de nossa Glória.
Uma boa votação à todos vocês!!!